Sejam todos muito bem-vindos! Depois de um ano de sucesso é chegada a hora de "mimar" o nosso blogue alterando-lhe o visual... ;) Alteram-se umas coisas, mas continua-se a apostar no mais importante: Partilha, Estudo e Brincadeira... para que possamos aprender sempre um pouco mais! Portanto mãos à obra, pois "Saber é Poder"!!! ;) Hugs and Kisses
Posted in Nau Catrineta |
5:26 da tarde | by teacher
Lá vem a Nau Catrineta Que tem muito que contar! Ouvide agora, senhores, Uma história de pasmar.
Passava mais de ano e dia Que iam na volta do mar, Já não tinham que comer, Já não tinham que manjar.
Deitaram sola de molho Para o outro dia jantar; Mas a sola era tão rija, Que a não puderam tragar.
Deitaram sortes à ventura Qual se havia de matar; Logo foi cair a sorte No capitão general.
– “Sobe, sobe, marujinho, Àquele mastro real, Vê se vês terras de Espanha, As praias de Portugal!”
– “Não vejo terras de Espanha, Nem praias de Portugal; Vejo sete espadas nuas Que estão para te matar.”
– “Acima, acima, gageiro, Acima ao tope real! Olha se enxergas Espanha, Areias de Portugal!”
– “Alvíssaras, capitão, Meu capitão general! Já vejo terras de Espanha, Areias de Portugal!” Mais enxergo três meninas, Debaixo de um laranjal: Uma sentada a coser, Outra na roca a fiar, A mais formosa de todas Está no meio a chorar.”
– “Todas três são minhas filhas, Oh! quem mas dera abraçar! A mais formosa de todas Contigo a hei-de casar.”
– “A vossa filha não quero, Que vos custou a criar.”
– “Dar-te-ei tanto dinheiro Que o não possas contar.”
– “Não quero o vosso dinheiro Pois vos custou a ganhar.”
– “Dou-te o meu cavalo branco, Que nunca houve outro igual.”
– “Guardai o vosso cavalo, Que vos custou a ensinar.”
– “Dar-te-ei a Catrineta, Para nela navegar.”
– “Não quero a Nau Catrineta, Que a não sei governar.”
– “Que queres tu, meu gageiro, Que alvíssaras te hei-de dar?”
– “Capitão, quero a tua alma, Para comigo a levar!”
– “Renego de ti, demónio, Que me estavas a tentar! A minha alma é só de Deus; O corpo dou eu ao mar.”
Tomou-o um anjo nos braços, Não no deixou afogar. Deu um estouro o demónio, Acalmaram vento e mar;
E à noite a Nau Catrineta Estava em terra a varar.
(Recolhido por Almeida Garrett)
O presente poema, originário da tradição oral, relata as dificuldades alimentares por que passavam os marinheiros portugueses nos primeiros tempos da epopeia marítima, face a um mar poderoso que era visto como uma força demoníaca que apenas a fé religiosa poderia dominar.
Ao fim de um ano e um dia de viagem, já sem alimentos, os corajosos marinheiros lançam à sorte quem haveriam de matar para servir de refeição. A pouca sorte recai sobre o próprio capitão do navio que pede a um marujinho que suba ao mastro real para ver se avista «terras de Espanha, as praias de Portugal!».
O marujo assume aqui o papel de diabo, a quem o capitão oferece o que tem de mais precioso para se salvar deste trágico destino.
Por ordem ascendente de que ele considera mais precioso, começa por oferecer a sua filha mais formosa, depois muito dinheiro, a seguir o seu cavalo branco e, por último, a sua maior preciosidade, a Nau Catrineta.
O demónio recusa todas estas ofertas, pois só está interessado na alma do capitão. A este só resta lançar-se ao mar para morrer com a dignidade própria de um marinheiro. Um anjo, porém, ampara-o, poupando a sua vida.
E na noite daquele mesmo dia, tudo acaba em bem, com a Nau Catrineta «em terra a varar».
Professora de Inglês e de Português... Ja passei por diversas escolas: a EBI de Sao Bruno deixou saudades, mas agora é tempo de me dedicar aos meus alunos da Escola Básica 2,3 J. G. Zarco. Criei este espaço para partilhar pensamentos, ideias e actividades com os meus alunos e com quem por aqui se sentir bem ... =)
Welcome and... Enjoy it!
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